domingo, 13 de setembro de 2009

O Morumbi na Copa, por PVC

O MORUMBI está na Copa do Mundo de 2014.

Por mais que tenha existido pressão pela construção de uma nova arena, em São Paulo, e que as declarações do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, levem a pensar o inverso, o risco do Morumbi, hoje, não é ficar fora do Mundial. É perder o jogo de abertura.

Isso está claro há meses e tem a ver, sim, com questões políticas. Se os governadores mais próximos de Ricardo Teixeira, José Roberto Arruda (DF) e Aécio Neves (MG), esforçam-se para viabilizar obras em seus estádios públicos, e se o governador José Serra (SP) não admite usar dinheiro do contribuinte para reformar ou construir estádio, evidentemente há um viés político.

Diga-se, o mais correto dos governadores é Serra, embora este possa se dar ao luxo de não mexer nos cofres públicos, porque o estádio paulista é particular, diferentemente do Mineirão e do Mané Garrincha.

O jogo de governadores é vital para entender o imbróglio do Morumbi. Não foi por acaso que Ricardo Teixeira também disse que sua maior preocupação é com os aeroportos, não com estádios. Digamos que tenha razão quem afirma que São Paulo não tem estádio para abrigar a partida inaugural. Brasília e Belo Horizonte não têm aeroportos.

Para entender o jogo da Copa-14, é fundamental saber qual a função do dinheiro enviado pela Fifa. São US$ 470 milhões, como disse Ricardo Teixeira ao “Arena Sportv”, na quarta-feira. Quantia dedicada a obras que não deixarão legado.

Um estádio novo ficará para o futebol brasileiro, seja público ou particular. Um aeroporto reformado permanecerá para uso da população. Um centro de imprensa, não.

Se for preciso, por exemplo, comprar aparelho de raio-X para inspecionar quem entra e sai do centro de imprensa, esse investimento deve ser feito com dinheiro da Fifa. Se um governador apresentar esse tipo de gasto ao Tribunal de Contas, que devolva o dinheiro e cobre de quem administrou os US$ 470 milhões.

“José Serra não põe dinheiro público nem sob tortura”, diz um dos membros da candidatura paulista. Isso aumenta a vocação de São Paulo para fazer uma das semifinais, como aconteceu na Alemanha com Dortmund, de estádio que lembra o Morumbi e que abrigou Itália x Alemanha, em 2006. Já pensou Brasil x Argentina numa semifinal, no Morumbi? É melhor essa perspectiva ou o jogo de abertura?

Na quarta, Ricardo Teixeira assinou mais uma vez seu atestado de incompetência ao admitir que, em 20 anos de mandato, não fez o país ter um único estádio capaz de abrigar uma Copa. Seu risco, agora, é deixar como legado estádios que não serão usados pelo futebol brasileiro, depois do apito final de 2014.

No Brasileirão-2015, vale mais um Morumbi digno do que uma Allianz Arena em Cuiabá. Em São Paulo, a Copa parece ser, mais do que em outros lugares, um meio de se atingir um fim, o de ter uma arena de alto nível, para jogos e shows, em 2014, 2015, 2016… Em Brasília, é mais provável ter um estádio para a abertura da Copa. Quando ela acabar, sem times de alto nível, o estádio será usado por equipes que lutam no bloco intermediário da Série B.

Se isso se confirmar, será o fim.

Fonte: Blog do Torcedor, de Daniel Perrone, o qual baseou-se na coluna publicada no jornal Folha de São Paulo (13/09/2009).

Comentário meu: o PVC aborda o aspecto político das escolhas, mas tirando o fato de que obras públicas sempre propiciam maiores chances de… bem… pois é… então… digamos assim, trazerem mais “frutos” em anos de eleição, economicamente pensando é muito mais barato fazer jogos da Copa num Morumbi reformado do que construir um estádio novo com fins gambazísticos. Que se lhes conceda o Pacaembu, que de resto ficaria sem utilidade caso tivéssemos um terceiro estádio na cidade. Me parece a alternativa mais lógica, mesmo considerando o fato de que sou são-paulino e possa ser visto como interessado na reforma do Morumbi. Não nego que pessoalmente acharia isso bom, mas o ponto é que me parece o melhor negócio no final para todo mundo. Menos para os que querem tirar proveito ilícito da situação.

Um comentário:

Claudio Leiva ''Claudera'' disse...

Já é uma vergonha fazer uma copa do mundo no Brasil. Esses interesses políticos são mto mais bizarros. Querem fazer elefantes brancos no Brasil inteiro em lugar que depois ficará jogado as traças. Até o povo paulista é mto ignorante e só enxerga o seu time. Alguns preferem que gaste o dinheiro dele pra fazer um estádio só para que a copa naum fique no morumbi e ele sonha que esse estádio fique para o seu próprio time depois.
Lamentável.

Agora vamos esperar pra ver. Nada mais me surpreende.